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imagem: Getty Images (editada) |
Tudo bem com vocês? Espero que sim. Demorei, mas voltei. E,
olha, se vocês estiverem sentindo de mim a metade da saudade que eu estou
sentindo de vocês... olha... vocês não estão sentindo nada, HAHAHA!
Brincadeira, lindos. Como vão as coisas? Eu estive ausente porque esse negócio
de trabalho e estudo + greve das federais alterou completamente o meu
cronograma. Mas já passou. Eu acho. A tendência é piorar, agora, mas tudo bem,
a gente dá um jeito.
E hoje, conforme o combinado, eu estou de volta trazendo um
tema que, como eu disse no último post, afeta todos nós: saudade. Então prepara esse coraçãozinho despedaçado de carvão e vem com o Nate que hoje as emoções vão aflorar. Ou não.
Dia desses eu estava pensando sobre a saudade. O que é
saudade? Qual a definição de saudade? E me peguei pensando nisso por ter visto
um texto estrangeiro falando sobre “saudade” ser uma palavra que só existe em
Português e tal. Fiquei um tempão com isso na cabeça, mas depois esqueci. E
depois me lembrei de novo. E senti saudade.
Na faculdade de Letras existe um termo chamado frame, que é como se fosse uma resposta
a um estímulo. Por exemplo: quando se diz “Natal”, os frames que nos vêm à
cabeça são Papai Noel, árvore, sinos, neve, presentes, peru etc. Mas por que eu
tô falando isso?
Tenho pensado muito em saudade ultimamente. Estou escrevendo
um livro (não o mesmo que eu disse que estava escrevendo há um tempo), e esse
livro, assim como os outros dois que eu já escrevi, durante o processo, me
enche de saudade, porque ele ativa uma série de frames na minha cabeça.
Saudade geralmente vem quando algo que você amava muito é
arrancado de você, de uma forma ou de outra. Quando tal coisa não pode ser
devolvida ou substituída, ela vem mais forte ainda. Mas acho que não sentimos
saudade o tempo todo. O que sentimos é dor, desamparo, desespero... Saudade vem
depois, em outras doses. Acho que se se não tivéssemos estímulos externos, ou até
internos, não existiriam alguns tipos de saudade a longo prazo.
Uma vez, quando criança, eu tive uma cachorrinha chamada Mel.
Vira-lata, até meio feiínha, mas muito fofa. Lembro-me de que ela me foi dada,
e ao meu irmão também, como presente de Natal. Estávamos passando em frente a
um pet shop e ela estava para adoção. Pegamos e levamos pra casa. Não sei explicar como nem por que, mas desde o primeiro dia
eu me apeguei àquela cachorrinha de uma forma indescritível. Era um amor
enorme, intenso; amor puro de criança. Mas o problema era que nós já tínhamos
uma outra cachorra, e ela não estava sendo muito receptiva com a Mel, que, além
de ter sido mal recebida, fazia muita bagunça. Por umas duas vezes a minha mãe cogitou a
possibilidade de devolvê-la para o pet shop, porque não dava pra abrigar as
duas lá em casa, mas ela sempre desistia da ideia logo em seguida.
Até que, um dia, de manhã, antes de sair pra trabalhar,
minha mãe avisou que iria mesmo devolver a cachorrinha pro pet shop. Eu saí da
cama correndo ao ouvir a notícia e tentei impedir, mas, quando vi, Mel já estava dentro de uma
caixa de papelão e minha mãe já estava de saída. Não pude fazer nada, nem ao
menos olhar pra ela pela última vez e dizer “tchau”.
Eu chorei durante aquele dia inteiro e, confesso, estou
chorando agora enquanto escrevo estas palavras. Depois daquele dia, ainda devo
ter chorado por mais um mês, pelo menos, todos os dias. Choro doído, de
saudade, de raiva, de dor, de tudo, mas, essencialmente, de saudade da
companhia alegre da Mel. Ainda voltei no pet shop uns dois dias depois,
sozinho, para ver se ela estava lá, mas já não estava mais. Tive raiva da minha mãe, da
minha outra cachorra, de tudo. Depois de uns dois ou três meses eu consegui
superar essa perda e, consequentemente, parei de sentir saudade. Hoje, essa
saudade se tornou um sorriso nostálgico que me vem à cabeça quando eu lembro
dos tempos em que a Mel esteve conosco, que foram poucos, mas inesquecíveis.
Bem, contar essa história não estava no script, mas foi um
bom exemplo. Nunca mais pensei na Mel. Tive outros cachorros, o tempo passou e eu
acabei “esquecendo”. Mas agora, escrevendo este post, é como se eu tivesse
revivido aquele momento em que eu a vi ser arrancada de mim e isso
acabou me emocionando. E é aí que entra a saudade. A saudade é a maior prova de
que o que está fazendo você senti-la é/foi bom, verdadeiro, puro, assim como o
que eu sentia pela Mel, que, da mesma forma, eu sabia que era insubstituível.
Saudade é coisa pra sentir de vez em quando, quando você vê
aquele nome, ouve aquela música, sente aquele cheiro e logo aquele monte de
frames de bons momentos passam pela cabeça. Então, se você sente saudade, de algo ou alguém, e pode matá-la, faça-o. Ligue, visite, procure, mande um
recado, não custa nada. Se você não pode, não lamente por esses frames agora
serem só recordações; em vez disso, sorria por eles, um dia, terem sido reais.
E eu vou ficando por aqui. Mês que vem eu volto, dessa vez um pouco antes, prometo. Uma boa noite pra vocês, bom final de mês/começo do próximo e até breve.
E eu vou ficando por aqui. Mês que vem eu volto, dessa vez um pouco antes, prometo. Uma boa noite pra vocês, bom final de mês/começo do próximo e até breve.
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